O calcário supre a necessidade nutricional das culturas?
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22 julho, 2025

O calcário supre a necessidade nutricional das culturas?

O calcário corrige a acidez do solo, mas tem seus limites. Saiba a importância do Ca e do Mg na nutrição e como os óxidos se encaixam no manejo.

O calcário supre a necessidade nutricional das culturas?

O calcário é amplamente utilizado na agricultura como corretivo da acidez do solo e sua eficácia nesse papel é amplamente comprovada. No entanto, alguns fatores químicos limitam sua eficiência, especialmente quando se busca atender às exigências nutricionais das culturas agrícolas.

Existem dois tipos principais de calcário:

  • Calcítico – proveniente de rochas ricas em carbonato de cálcio (CaCO₃);
  • Dolomítico – originado de rochas dolomíticas, composto por carbonato de cálcio e magnésio (CaCO₃ + MgCO₃).

A correção da acidez ocorre a partir da liberação de hidroxilas, que neutralizam os íons hidrogênio (H⁺) presentes no solo. Durante essa reação, íons de cálcio (Ca²⁺) e magnésio (Mg²⁺) também são liberados, podendo contribuir para a nutrição das plantas.

Contudo, o calcário apresenta baixa solubilidade, exigindo altas doses e incorporação ao solo para que reaja de forma eficiente. Isso porque sua reação depende da presença de acidez no meio para iniciar o processo de dissociação dos carbonatos. Isso faz com que o calcário tenho uma reação lenta no solo, tendo uma baixa percolação, dificultando a criação de perfis horizontais férteis em profundidade.

Além disso, o carbonato possui poder tampão baixo, o que significa que, após certo ponto, ele deixa de reagir, não liberando mais hidroxilas, nem cálcio, nem magnésio. Em água, esse tamponamento ocorre por volta de pH 5,5 em CaCl2. No solo, devido à sua complexidade físico-química e biológica, esse valor pode variar, porém, na prática, podemos ver valores de tamponamento similares ao da água.  

Isso explica por que a prática da supercalagem (aplicação de doses muito altas de calcário) tem sido adotada: busca-se romper o efeito tampão e promover novas reações químicas.

No entanto, essa prática é economicamente e operacionalmente inviável, além de questionável do ponto de vista agronômico. Em trabalho de Maraschin (2020), em um solo de textura média, observou-se que a aplicação de 7,5 toneladas por hectare de calcário foi suficiente para atingir o limite de tamponamento. A partir dessa dose, mesmo com aplicações de até 20 t/ha, não houve aumento nos teores de cálcio e magnésio no solo. Mostrando que por mais calcário que se adicione ao sistema, a nutrição de plantas não é atendida.

Gráfico, Gráfico de linhas

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.
adaptado de Maraschin, 2020

 

No ponto de vista nutricional, cálcio e magnésio são elementos fundamentais para o desenvolvimento vegetal. O cálcio atua na formação da parede celular, divisão celular, pegamento floral e na integridade estrutural dos tecidos vegetais. Enquanto o magnésio é componente central da molécula de clorofila, essencial para a fotossíntese e o maior ativador enzimático das plantas, sinalizando inúmeras rotas metabólicas de defesa.

Além da função nutricional, cálcio e magnésio desempenham papel-chave na capacidade de troca catiônica (CTC) do solo — a capacidade do solo em reter e trocar cátions essenciais como Ca²⁺, Mg²⁺, K⁺. Em solos com alta CTC, a presença desses nutrientes é determinante para a estabilidade química. Solos ácidos, ao contrário, apresentam CTC ocupada por íons H⁺ e Al³⁺, prejudicando a fertilidade e dificultando o crescimento das plantas.

A acidez do solo, além de limitar a CTC, é um dos principais fatores restritivos à produtividade agrícola. Ela compromete a absorção de nutrientes como fósforo, cuja eficiência de uso pode cair em até 70%, interfere na atividade microbiológica e eleva a toxicidade por alumínio, afetando o desenvolvimento radicular e a saúde das plantas

 

Diante desse cenário, a Ferticorreção propõe o uso de óxidos de cálcio e magnésio, que possuem:

  • Maior concentração de cálcio e magnésio, permitindo doses mais baixas;
  • Menor poder tampão em relação aos carbonatos, o que favorece a continuidade das reações no solo
  • Maior solubilidade, não necessitando de altas quantidades de água para sua dissociação 
  • Independe de acidez do solo para reagir

Assim,  o carbonato deve ser utilizado na abertura de áreas para a correção inicial do solo. Mas, após o solo atingir o seu tamponamento e atender os níveis críticos de cálcio e magnésio, os óxidos entram como ferramenta complementar, promovendo a nutrição eficiente e o controle contínuo da acidez do solo. Por liberarem hidroxilas, os óxidos também participam da neutralização da acidez.  No entanto, como são utilizados em doses menores e mais eficientes, a quantidade de íons OH⁻ liberados tende a se equilibrar com os H⁺ gerados no sistema, promovendo estabilidade química com mais eficiência e menor impacto econômico.

Isto se integra ao que a Ferticorreção propõe: nutrição eficaz e controle da acidez do solo.

Vale ressaltar que as doses de carbonato ou óxidos variam conforme o solo, concentração de nutrientes, manejo, clima e diversos outros fatores. A agricultura não segue uma única receita, deve-se entender a necessidade de cada fazenda, cada talhão e cada área cultivada. A Ferticorreção busca levar a informação e propõe um novo olhar sobre a fertilidade do solo com soluções que estão à disposição dos agricultores. 

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