Porque ter carbono no solo ajuda o planta?
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16 setembro, 2025

Porque ter carbono no solo ajuda o planta?

O carbono é importante para a manutenção da vida no solo e ainda pode ser a virada de chave para uma agricultura mais sustentável e rentável.

Os gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), exercem um papel determinante no aquecimento global. Esses gases retêm parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, intensificando o efeito estufa e provocando o aumento da temperatura do globo. O que vem ocasionando eventos climáticos catastróficos de maneira mais intensa e recorrente.  

O setor agropecuário é fortemente criticado por ter parte da “culpa” da emissão dos G.E.E, porém, ao mesmo tempo que se fala mal, se esquece que esse setor tem grande potencial de mitigação e sequestro de carbono, principalmente quando o solo é bem manejado.

As plantas, convertem luz solar em energia através da fotossíntese, que é um dos principais mecanismos naturais de captura de CO₂ da atmosfera. Durante esse processo, as plantas utilizam energia solar para transformar o carbono atmosférico em compostos orgânicos, como aminoácidos e proteínas, base para seu crescimento. Esse carbono, que antes estava no ar como um gás de efeito estufa, passa a integrar a biomassa vegetal, reduzindo a concentração atmosférica e contribuindo para mitigar mudanças climáticas.

Atualmente, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), 4,3 bilhões de toneladas de carbono são lançadas na atmosfera. Sendo que 30% do CO2 emitido é recuperado pelas plantas por meio da fotossíntese. E os solos contem de 2 a 3 vezes mais carbono que a atmosfera. Logo, se o nível de carbono no solo, armazenado na camadas de 0 – 40cm, aumentar 0,4% por ano, o aumento anual de CO2 da atmosfera seria significativamente reduzido. Auxiliando efetivamente na mitigação dos gases.

Parte desse carbono assimilado pelas plantas é direcionado ao sistema radicular. O principal elemento responsável por esse transporte é o magnésio, que também é de suma importância por ser a molécula central da clorofila. Esse fenômeno, chamado de incorporação de carbono no solo, é fundamental não apenas como mecanismo de sequestro de carbono, mas também como fonte de energia para a microbiota. O carbono é a moeda de pagamento das plantas para os microrganismos, contribuindo para diversidade e atividade microbiana.

E este carbono, que está em excesso na atmosfera, devido também a grande atividade das indústrias, no agro pode valer dinheiro! Do ponto de vista econômico, o carbono incorporado no solo (ou evitado de ser lançado) também pode ser convertido em valor financeiro. 

No setor sucroenergético, por exemplo, a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) permite a geração de créditos de descarbonização (CBios). Cada CBio equivale a uma tonelada de CO₂ equivalente que deixou de ser emitida. Assim, a eficiência energética da cana e sua capacidade de capturar carbono se traduzem diretamente em ativos financeiros negociáveis no mercado.

O setor de grãos também avança nessa direção. A EMBRAPA  conduz projetos voltados para a agricultura de baixo carbono, com foco na redução das emissões e no aumento do sequestro de carbono.  A Soja de baixo carbono (SBC) tem estratégias que envolvem tecnologias de manejo conservacionista, uso de cultivares adaptadas e práticas que priorizam a eficiência no uso de insumos, garantindo menor pegada de carbono ao longo do ciclo produtivo. Ou seja, sequestrar carbono ou evitar que ele seja lançado na atmosfera, em um futuro próximo, gerará valor agregados para a soja e seus subprodutos.

Além disso, a nutrição adequada das plantas desempenha papel crucial nesse processo. Plantas bem nutridas apresentam maior capacidade fotossintética, maior crescimento vegetativo e maior desenvolvimento radicular. Esse incremento em biomassa e raízes gera maior aporte de resíduos orgânicos ao solo, retroalimentando o ciclo do carbono e fortalecendo o sequestro de CO₂ atmosférico.

Esse acúmulo de biomassa radicular e aérea, ao se decompor, converte-se em matéria orgânica. Esse material é rico em carbono e, ao longo do tempo, estabiliza-se em formas de maior persistência, conhecidas como carbono orgânico estável. Trata-se de um processo fundamental para melhorar a fertilidade química, física e biológica do solo, além de contribuir na captura de C.

Portanto, o sequestro de carbono na agricultura vai além de um benefício ambiental. Ele representa uma estratégia integrada, na qual ciência, economia e sustentabilidade convergem. A transição para sistemas agrícolas de baixa emissão e sequestro de carbono não é apenas uma resposta às pressões ambientais globais, mas também uma oportunidade estratégica. Ao integrar práticas de manejo sustentável, como a Ferticorreção, tecnologia e eficiência nutricional, a agricultura brasileira se posiciona como protagonista na mitigação das mudanças climáticas, enquanto agrega valor econômico aos produtores por meio de ativos ambientais e maior produtividade.

 

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